Somos a Associação de Cooperação Técnica para o Desenvolvimento Humano - Outro Olhar, fundada em 2008, a partir da ideologia e determinação de diversos profissionais de várias áreas do conhecimento com vasta experiência em projetos ligados ao terceiro setor.

Bem Vindos ao nosso Espaço!

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Bruxas, Saci, ou Ara Pyau?

Estamos em outubro, fim do mês acontecem as comemorações diversas como Halloween, dia do Saci e por ai vamos.

Refletindo um pouco sobre o que significa para mim essas datas, me peguei sem saber muito, só sabia mesmo que era o ‘dia das bruxas’. Por quê, de onde vem? Fui dar uma pesquisada, e sabe que gostei do que encontrei.


Dia das bruxa ou Halloween,  tem sua origem nos festivais celtas que eram cerimônias anuais ligadas ao ciclo sazonal, como Imbolc (início da primavera), Bealtaine (início do verão), Lughnasadh (início da colheita) e Samhain (fim da colheita e início do inverno). Samhain, o mais conhecido, marcava o ano novo celta e o fim da colheita, um período em que se acreditava que os espíritos dos mortos visitavam o mundo dos vivos, sendo celebrados com fogueiras, oferendas e o uso de máscaras para afastar as almas malignas.

Gostei disso, há poucos dias foi ano novo, segundo a tradição Guarani. E, de percepção minha, não tem esses nomes, mas esse povo também tem cerimônias que se orientam pelas estações, agradecimentos, pedidos, renovação, etc. Mas, aqui temos as estações ‘invertidas’; se para o povo nórdico agora, outubro é outono, pra nós aqui, povos do sul do mundo, é primavera. Teríamos então que inverter as celebrações? Talvez.

Paulina Para Katu Vogado me disse que: A Ára Pyau entra durante a primavera e o verão quando acontece o renascer das plantas, das flores... Os Guarani celebram esse tempo e realizam cerimônias como a das frutas, cerimônias para as crianças receberem seus nomes encantados e a união da comunidade;  porque fazemos parte de um todo. Tudo para nos fortalecer espiritualmente.

Também ‘descobri’ que foi instituído o dia nacional do Saci-pererê, meio que para se contrapor ou nacionalizar o dia das bruxas. Mas, até agora, não caiu tanto assim no ‘gosto’ popular.
O que eu conhecia desde criança sobre o Saci era que ele era um menino negro, travesso, que fuma cachimbo e carrega uma carapuça vermelha que lhe concede poderes mágicos.

O que eu não sabia, que a origem da lenda é indígena. O Saci é o guardião das ervas e das plantas medicinais, por isso, confunde as pessoas que tentam pegá-las sem autorização. Ele conhece as técnicas de preparo e sabe como utilizar as plantas para fins medicinais.

Acredita-se que o Saci nasceu do broto de bambu, permanecendo ali até os sete anos e, após esse período, vive mais setenta e sete praticando suas travessuras entre os humanos e os animais. Por fim, ao morrer, o Saci torna-se um cogumelo venenoso.

Como aqui gostamos de ‘juntar os mundos’ resolvemos nesse dia 31 de outubro fazer uma fogueira, com roda de cachimbo (como estamos no hemisfério sul, vamos cachimbar pelo Ara Pyau [tempo novo], pela renovação. E aberto ao que mais os participantes quiserem celebrar, sob quais influências místicas quiserem (bruxas, saci, etc;) pelo bem, por caminhos iluminados, pela renovação, etc,

Então, esteja convidado!

Ah, por questão de espaço no nosso itakora (círculo de pedras) teremos que limitar a 15 participantes. Venha celebrar com a gente!

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Ara Pyau - Tempo Novo

Se olharmos a 'linha do tempo', vamos encontrar a primeira cerimônia da Mba'emo'a Nhemongarai (Consagração das Sementes e Frutas) em 2021. Não a primeira cerimônia efetivamente, a primeira cerimônia desde a retomada da prática na aldeia de Palmeirinha do Iguaçu.

Este ano foi a 5ª edição. E é assim: Primavera, quando as plantas brotam depois dos meses de inverno, o sol já esquenta a terra, é tempo de preparar o roçado e lançar as sementes no solo. A vida se renova, é então que começa o ano novo Guarani, a transformação do Ara Yma [tempo velho] em Ara Pyau [tempo novo] que eu traduzo como Ano Novo.


É o momento de reunir as sementes, ramos, mudas, estaquias e tudo o que for plantada para receber as bênçãos das divindades para que crescem saudáveis, produzam bons frutos e permitam viver com abundância mais um período da vida, mais um ciclo de luas, mais um ano.

Na aldeia de Palmeirinha do Iguaçu quem organiza o evento e mantém viva a prática é o grupo Aty Mirim, composto na sua maioria por mulheres que fazem/mantém a agricultura Guarani viva, junto com suas famílias. É mais uma fortaleza desse povo, que mantém suas práticas, suas sementes, sua medicina, sua sabedoria; se adaptando as necessidades de território [muitas vezes é resistência], ao clima e aos olhares de incredulidade e desconfiança da sociedade do entorno, com suas crenças na produção em escala, uso/aproveitamento da terra, etc. Aqui a relação não é de 'usar/aproveitar' é de cuidar e conviver.

Ara Pyau Porã! Bom período Novo!








sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Visitar, Conhecer e Conversar

 Foi uma visita muito gratificante, conhecer a história, as práticas e 'se reconhecer' um pouco tanto na história como nas práticas e, por que não dizer, nas crenças (aquilo em que acreditamos e que permeei-a toda a prática = respeito à natureza e ao conhecimento tradicional).


O caminho até a localidade de Maienfels em Wüstenrot já foi impressionante, foi pelo que chamo de 'estradinhas', ou seja, estradas lentas, não as auto pistas, onde a velocidade é a atração; mas estradas cheias de curvas, que cruza povoados, velocidade controlada, possibilidade de observar o entorno. E era linda, montanhas, planícies, diferentes paisagens, inspirador, lindo, agradável.

Ao chegar, o local, na montanha, dentro de um parque, estradas antigas e estreitas só aumentaram o charme do empreendimento. Empreendimento familiar, começa com algumas tinturas e óleos e vai se consolidando, e hoje são mais de 400 itens: óleos essenciais, tinturas, hidrolatos, cosméticos.
Conversa vai, conversa vem e aspectos em comum: respeito às plantas, respeito às sabedorias locais/tradicionais, destilação artesanal, produção artesanal com doses de amor e energia que só o artesanal consegue.

Aspectos diferentes: são internacionais, trabalham com plantas/OE locais, mas também com produtos de outros países (contudo, conhecendo o fornecedor, avaliando se ele também segue os princípios orientadores.

Surge ali a possibilidade de uma cooperação parceria, óleos essenciais que podem ir daqui, óleos essenciais que  podem vir de lá. Um primeiro nasce da troca, receberam do Tembiapo o OE de Pau Pimenta e Pimenta Rosa e recebemos um OE de Olíbano.


Assim, nasce nossa primeira parceria usando OE de outros fornecedores, que não cultivados por nós mesmos. Teremos nos próximos meses algumas sinergias com esses OE importados. Apostando nessa mistura de continentes, mistura das energias. Na expectativa das magias que podem nascer.



terça-feira, 27 de maio de 2025

Turmas da Educação Infantil Vivenciam Expedição Investigativa com Plantas Medicinais e Cultura Indígena

 No último dia 20, a Associação Outro Olhar teve a alegria de receber no Centro de Convivência Itakora, duas turmas da Educação Infantil da Escola Municipal Capitão Wagner — as turmas 4C e 5J, sob orientação da professora Daniela Zorzetti. A visita fez parte do Projeto “União Faz a Vida”, parceria da escola entre a Secretaria Municipal de Educação e o Sicredi. Uma iniciativa que visa promover a educação de crianças e adolescentes com base na cooperação e cidadania, aliando valores éticos como igualdade, equidade, respeito à diversidade, liberdade e participação ativa na sociedade.

Durante a expedição investigativa, os pequenos exploradores — com idades entre 4 e 6 anos — mergulharam num dia repleto de descobertas e vivências com a natureza. Pela manhã, estiveram conosco as crianças de 4 e 5 anos; à tarde, foi a vez das crianças de 5 e 6 anos.

A visita teve início com o contato com o artesanato indígena, promovendo uma aproximação cultural e sensorial com os saberes ancestrais. Em seguida, seguiram para os canteiros permanentes, onde puderam conhecer as plantas medicinais e participar da dinâmica interativa das “pedras do tempo”, que estimulou a percepção do tempo natural e do cuidado com a terra.

Logo depois, as crianças exploraram a nossa “floresta”, onde identificaram árvores nativas e aprenderam sobre os seus usos medicinais. A aventura continuou com uma visita ao galinheiro e, posteriormente, à unidade de extração de óleos essenciais, onde conheceram o processo que transforma as plantas em produtos naturais. Encerraram esse percurso na loja do Tembiapo, onde puderam ver o resultado final da extração dos óleos.

Para concluir o dia, participaram de brincadeiras educativas que envolveram plantas medicinais, e saborearam um delicioso lanche com frutas e um chá especial de poejo. Um encerramento repleto de sabores, sorrisos e aprendizagens.

Essa é uma ação voluntária da Associação Outro Olhar, que reafirma o nosso compromisso com uma educação transformadora, conectada com os valores humanos e ambientais, dentro do Programa de Interação Cultural e Educação Ambiental.







sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Mergulho na Cultura Indígena Guarani: Turismo Indígena de Base Comunitária - parte 01

 


Ana Paula da Silva Marque, a Anita, representante da No Borders, associação que trabalha com voluntariado local e internacional com sede em Milão na Itália; é uma parceira do trabalho de visitação/turismo sustentável de base comunitária em algumas aldeias Guarani no Paraná.

A ideia surge a partir das impressões dos voluntários estrangeiros que, em suas conversas e trocas com jovens locais, causavam curiosidade e as vezes indignação de o porque estarem aqui para ‘conhecer comunidades indígenas’.

No intuito de proporcionar oportunidades as pessoas não indígenas de visitarem territórios indígenas Guarani, conhecer um pouco de sua cultura, de seu modo de vida, ouvirem histórias e descobrirem belezas naturais, foram e são organizados anualmente grupos de visitantes, que organizados por Anita na Itália, cruzam o oceano para mergulhar no mundo Guarani do Sul do Mundo.

Anita diz que descobriu o Brasil em 2015, mas não aquele Brasil “que conheci da TV da Europa, o Brasil do samba, da Amazônia e do carnaval carioca”, descobri outro Brasil.

“Conheci a Sandra e a Outro Olhar graças a um projeto com a associação Joint, então pude conhecer um Brasil ainda por descobrir, cheio de tradições, culturas e territórios diferentes daqueles que nós, europeus, imaginamos. A simplicidade e autenticidade do trabalho da Outro Olhar, o senso de comunidade das aldeias Guarani me levaram a querer mostrar a outras pessoas o que vi pela primeira vez em 2015”, comentou Anita.

Anita ressalta ainda que nesses anos, organizando grupos e viajando com eles, “embora nem todas as viagens sejam fáceis, porque agrupar pessoas com carácteres diferentes umas das outras (e de mim) é difícil, na minha opinião o turismo comunitário e sustentável é o que melhor se adapta a este caminho que estamos a trilhar”, um turismo responsável, humano e o menos agressivo ao ambiente possível.

Este ano de 2025 o grupo chegou em Foz do Iguaçu no dia 04 de fevereiro e partiu de Curitiba no dia 18, foram 14 dias de visitas, andanças, encontros, conversas, descobertas, trocas, risos e emoções.

Faremos nos próximos dias publicações de fotos e impressões desse período, acompanhem!