Somos a Associação de Cooperação Técnica para o Desenvolvimento Humano - Outro Olhar, fundada em 2008, a partir da ideologia e determinação de diversos profissionais de várias áreas do conhecimento com vasta experiência em projetos ligados ao terceiro setor.

Bem Vindos ao nosso Espaço!

sábado, 22 de outubro de 2011

Batismo de Ervas: relatos de uma experiência

O respeito às diversas culturas é sinônimo de humanidade. Somos um planeta de uma riqueza cultural fantástica. Respeitar o diferente, compreender que não há melhores, que não há um único certo, é o que a humanidade está precisando aprender. Não é preciso que todos pensem iguais, que todos tenham as mesmas crenças; não é preciso dominar para impor; o que é preciso é respeitar.
A cultura indígena, principalmente a do Sul do Brasil, foi e é, incentivada a sua 'desconstrução', seja inicialmente pelas 'reduções jesuíticas', seja atualmente pela 'sociedade do consumo'. Nesse contexto, são de extrema importância as cerimônias tradicionas que algumas comunidades indígenas realizam.
Tive a oportunidade de acompanhar, na comunidade de Palmeirinha do Iguaçu, a cerimônia do Batismo de Ervas, agradeço a confiança da comunidade na equipe Outro Olhar, assim como o privilégio de poder participar e acompanhar toda a atividade, desde a sua preparação.
De acordo com as lideranças da comunidade, esta é a primeira das quatro cerimônias que se realizam durante o ano. São cerimônias de agradecimento, purificação e benção. Esta primeira chamada de Batismo de Ervas, acontece na primavera, tem como principal planta a erva-mate, que é colhida e sapecada pelos homens e moida e socada pelas mulheres. São dois dias de atividades e durante o segundo dia é realizado o batismo das crianças que ainda não receberam o nome guarani. A segunda cerimônia é realizada na colheita do milho, geralmente em janeiro; tem o milho e o mel como alimentos para o agradecimento à boa colheita. A terceira, das frutas, acontece quando da colheita da 'banana de mico'. E para encerrar o ciclo, realiza-se novamente a cerimônia com a erva mate. Acompanhar a cerimônia do batismo de ervas foi uma experiência ímpar, que palavras não conseguem traduzir.
É a cultura viva, a crença no Grande Espírito, o modo de ser de um povo sensível e sábio. O coração da comunidade, sua identidade.
Só tenho a agradecer ao Grande Espírito por permitir que meus olhos pudessem ser testemunhas e se abrir à beleza da vida, manifestada no modo de viver dos guaranis, assim como permitir que minha alma fosse envolvida pelos sentimentos desse povo. E mais uma vez, o agradecimento à comunidade de Palmeirinha do Iguaçu.
Por Sandra Konig - associada Outro Olhar

Nenhum comentário:

Postar um comentário